Grite.

[ Leia ao som de Thomston - Burning Out ]

De desespero ou prazer. Então questione-se. O quê?

Num desenrolar e rolar dentre lençol, travesseiros e seus braços, a noite parece não ter fim e ora ora, mal começara. Nosso, ou meu quarto permanecia congelante mas você não. Seus olhos ardiam refletindo-me;

Doce estalar dos lábios. Minhas mãos explorando-o, descendo do cabelo às costas, onde contentar-me em não lhe fincar as unhas era quase inevitável. O momento. A respiração quente e seus lábios pousando em meu pescoço. Não é preciso abrir os olhos enquanto posso continuar viajando no desconhecido. Você sente?

Inclinei-me na cama macia e fervor da tua pele, inspirando, expirando, suspirando. E então me permitindo afundar e transbordar de prazer. Satisfazer-lhe (e me).

Não estrague.

Não pare.

Seu pecado. Minha espera.

E no alvoroço, em meio a beijos e afagos a brisa vinda da janela uniu-se a seu toque e arrepios. A Lua nos esperava, assistia-nos e sorria do lado de fora. Clareando a noite e refletindo sua silhueta estirada na cama. 

Acolhida por abraços, afagos e mimos, eu ria e você sorria. De olhos fechados e quase entregue aos braços de Morfeu ouvi atentamente sua voz, querendo congelar instantes e eternizá-los em você -o que já havia acontecido por minha parte-; suas palavras foram se misturando a calmaria e serenidade daquela madrugada, camuflaram-se em meus sonhos e diminuíram o tom, o som...

Nasce aos poucos, clareia minha manhã e limpa minha alma. A paz instalou-se e o espírito deitou-se; E em dias corriqueiros onde tudo parece não fazer importância, o simples é a chave da felicidade e a vida, a vida é feita para se viver e gravar cada experiência como se fosse única ou última.